Uma Volta por Veneza




Era verão de agosto, o Sol da Toscana ainda queimava minha pele, dos dias que passei lá (mas essa é outra historia que vou contar depois). De manhã bem cedo eu meu amigo músico Julim, pegamos o trem para Veneza. Meu coração quase saltava pra fora do peito, não por ser propriamente Veneza, mas porque tinha uma carga emotiva naquela cidade. Quando eu era apenas um menino de oito anos de idade, minha madrinha, que viajava muito pelo mundo, me contava muitas histórias dessas viagens e me encantei pelas de Veneza. Estar ali, era carregar na memória tudo que tinha ouvido quando criança.
O trem era um espetáculo à parte. Estávamos numa cabine de seis lugares...três lugares virados de frente para mais três. Meu Deus!!! quantas vezes vi essa cena nos filmes!!! A viagem era linda, passamos por algumas cidades conhecidas da matéria de geografia e das artes culinárias. Bolonha, de onde vem o molho à bolonhesa; Verona, a cidade de Romeo e Julieta, uma das mais famosas peças de Shakespeare. Minto....Bolonha foi quando desci pra Roma (outra história).
Quando chegamos à estação de Veneza eu ainda não acreditava que estava naquele lugar tão singular. Não sabia que cheiro teria, será que tinha cheiro de maresia? será que a água era poluída? Mas que surpresa!!! Uma água tom verde claro como nunca tinha visto, um frescor no rosto...uma brisa deliciosa acariciava meu rosto. Então pensei: Por isso ela é tão famosa.
Eu queria conhecer cada beco, cada loja, cada rua (de água, é claro!). Assisti a uma apresentação de rua de músicos que tocavam em taças de vinho, vi a exposição dos instrumentos de Vivaldi, andei nos "ônibus" só que no caso de Veneza eram barcos pra muita gente, com ponto de ônibus e tudo.  Comprei máscaras...porque segundo a história conta, o Carnaval de Máscaras nasceu em Veneza, e ainda as tenho em casa. Comprei cristais na fabrica que tem la, cada um mais lindo que o outro. Vocês devem estar se perguntando: andou na Gôndola? NÃO. Eu e Julim, muito héteros para fazer um passeio romântico daquele. Ainda vou fazer com alguém bastante especial um dia.

Chegou a hora de conhecer a Piazza San Marco (Praça São Marcos). Ah....as historias de minha madrinha....Como era verão, muita gente passeava por lá. Seis barracas brancas, abrigo de músicos, se revezavam na trilha sonora da praça. Quando um acabava outro começava na barraca seguinte. Sentei-me em uma das mesinhas brancas que cercam a praça e naquele momento meus olhos molharam.
Uma lágrima teimava em ficar dentro dos olhos enquanto me lembrava daquele pequeno menino pobre, sentado no colo da madrinha, e ela mostrando os cartões postais e contando suas aventuras. Olhei pra frente e vi uma pequena loja, uma bookstore, e tive uma idéia genial. Corri lá e comprei um chip telefônico internacional, pus no meu celular, liguei pra ela e disse: Oi Madrinha, é o Marcelinho. - Oi meu filho, que saudade... Sabe onde estou? Estou em Veneza! - Nossa, não acredito! Sim Madrinha, estou aqui, sentado na mesma mesa que a senhora sentou e é como se a senhora estivesse aqui na outra cadeira. Obrigado, Madrinha, por um dia encher de sonhos a cabeça daquele menino pobre. Foram esses sonhos que me trouxeram até aqui. A voz dela completamente embargada respondeu: - Meu filho, ninguém nunca fez e nunca disse algo tão lindo pra mim! Pouco tempo depois ela se foi deixando muita saudade, mas eu me alegrei em ter podido proporcionar aquele momento a ela, retribuindo o que ela me proporcionara. O que tiver de fazer de bem para alguém, faça enquanto esse alguém estiver vivo. Fica a dica!




* Todas as fotos foram tiradas por mim, não cabendo nenhum pedido de direitos autorais. 
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Comentários

  1. Ah, Maestro!!!Emocionante a história da sua madrinha que te fez desejar conhecer e concretizar seu desejo!! Essa é uma das cidades que pretendo conhecer!!!

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    Respostas
    1. Realmente....uma pessoa maravilhosa que me contou histórias de vários lugares.

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  2. (...) Porque hoje se chama presente, e amanhã não sabemos o que será! Então o momento é hoje, e a vida? É agora!!!
    Linda história...

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