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Mostrando postagens de 2020

O Clube de Dança

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Era uma tarde fria mas ensolarada na colina de Muswell Hill, o vento soprava e desembaraçava os cabelos de Jessy enquanto ele olhava para o celular, acompanhando a chegada de seu ônibus pelo Google Maps. Faltava apenas um minuto para sua chegada, mas Jessy, fez questão de ficar atrás do acrílico protetor do ponto de ônibus por nome Brownload Road. Então ele olhou para o celular e quase que ao mesmo tempo, olhou para a rua vendo seu ônibus 22 dobrar a esquina em sua direção, em total sincronia com o aplicativo, justificando a fama da pontualidade britânica. Jessy entrou e rapidamente subiu para o segundo andar do ônibus porque adorava ficar na frente olhando a estrada numa vista do alto. Ele sentou-se no primeiro banco, no lado do corredor. Olhava ao longe as árvores sem nenhuma folha mas com os galhos todos apontados para cima, parecendo mais as costas de um porco-espinho. A rua era mais estreita do que havia visto em outros países, carros vinham na direção contrária, e outros ônibus

Feridas da Alma 2 - HUMILHAÇÃO

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Hoje eu quero falar sobre outra ferida da alma que por vezes é confundida por uma questão de semântica. HUMILHAÇÃO - o dicionário traz como significado: Ação em que alguém humilha, rebaixa, diminui o valor de outra pessoa ou coisa; rebaixamento moral; afronta, diminuição. Quem teve sua honra ou dignidade ofendida; desonra, vergonha. Ação em que uma pessoa é diminuída numa escala hierárquica. Ato que resulta em obediência; abatimento, submissão. Há um texto bíblico muito mal interpretado é Lucas 14:11 - " Pois todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado". Já vi muitas pessoas usando esse texto como uma bandeira de vingança, como se dissesse "Quem ri por último ri melhor". Antes de falar especificamente sobre a ferida emocional, gostaria de falar um pouco sobre esse texto. Muitas pessoas tem dificuldade em distinguir humilhação de Humildade. Uma pessoa ser humilde não quer dizer que ela é uma pessoa que se humilha. O texto fala sobre a pos

Feridas da Alma 1 - REJEIÇÃO

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Vou escrever uma série sobre feridas da alma e este é o primeiro post da série.  Gostaria de compartilhar com vocês sobre uma das feridas mais profundas que o ser humano pode carregar. Trata-se da REJEIÇÃO. Uma ferida que não é vista à olho nu, mas que fica alojada profundamente na alma e se não tratada pode ser uma (má) companhia pro resto da vida. A rejeição é uma ferida emocional, geralmente causada por situações vividas na infância e que pode afetar a vida adulta. A causa, na maioria das vezes, vem por parte dos pais (de um ou de ambos), mas que nem sempre esses progenitores tenham tido alguma intenção em rejeitar o filho(a). Quem sofre desta ferida se sente rejeitado internamente, interpretando tudo que acontece ao seu redor à luz de sua ferida, ou pela lente desse mau. Se sente rejeitado em situações em que, na verdade, não é. Diante dessa experiência, a criança começa a criar uma máscara para se proteger desse sentimento. Usa essa máscara para disfarçar a desvalorização de si

Pais e Filhos

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Esses dias atrás recebi um pequeno video pelo WhatsApp de duas crianças esperando pelo pai que estava chegando numa carreta, fazendo a curva em direção à residência enquanto as crianças não aguentavam de tanta euforia. Elas balançavam as mãos, pulavam, não se continham de tanta alegria em ver o pai caminhoneiro chegando. Ver aquela cena me lembrou meus filhos, quando me esperavam no Aeroporto de Ipatinga. Da janela do pequeno avião da Total Linhas Aéreas, enquanto aterrissava, eu olhava aqueles fofinhos acenando para o avião, olhos arregalados, sorriso estampado, coisas que só pais muito atentos conseguem enxergar de longe. Nós descíamos na pista mesmo e íamos caminhando até o desembarque. Grudados na grade dando tchau pra mim e depois correndo para o portão de desembarque. É uma cena que todo Pai merece ter. Se você, meu querido leitor, ainda não teve essa experiência, eu realmente sinto muito por você. Mas espero, de coração que tenha. Sempre sonhei em estar presente na vida dos meus

Urgências

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Estou assistindo uma série de suspense e ficção científica da televisão americana chamada SALVATION. Na série um grupo seleto de pessoas, entre estudantes do MIT, um grande empresário do setor tecnológico  e pessoas do governo, precisam lidar com a ameaça de um asteroide que está em rota de colisão com a Terra. Cada um dos personagens principais tem de lidar com sua visão sobre o que é prioridade face à possibilidade de o mundo acabar em 150 dias. Assistindo a isso é fácil deixar vir à mente a pergunta: O que você faria se tive apenas 150 dias de vida? Provavelmente um grande percentual responderia que gostaria de estar perto da família, perto das pessoas que mais ama. Outros talvez gostariam de viajar e ver o que ainda não viram do mundo, outros ainda fariam sua lista de botas, com 15 coisas que precisam fazer antes de morrer. Se eu fizesse uma enquete aqui, tenho certeza que o número de possibilidades seria enorme. A verdade é que todos nós estamos caminhando em direção à morte, uns

Dating

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Assistindo a alguns programas de TV, em especial do canal Lifetime, e tendo conhecimento de novos aplicativos para celular, resolvi fazer uma reflexão sobre relacionamentos. Apesar de já ter escriro vários posts no meu blog sobre o assunto, me atrevo a escrever mais um. Sou de um tempo que conhecer pessoas era uma atividade puramente presencial. Não existia Internet, telefone era só para ricos, e celular??? Só muitos anos depois. Então as relações eram mais verdadeiras, você via o que estava na sua frente, a não ser que fosse cego ou se tivesse um enorme problema de vista. Existiam os mentirosos? Sempre existiram; existiam os psicopatas? Sempre existiram; existiam os fakes? Sempre existiram, mas o nome era menos chic, eram falsos mesmo. Mas você conhecia "tete à tete" e tirava suas próprias primeiras impressões e que nós sabemos o quão importantes elas são. E até namoro à distância não rolava muito porque tinha de ser por carta. Então...cada diálogo levava semanas

Karatê Kid X Cobra Kai - Uma reflexão sobre o Bem e o Mal

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Quem tem por volta dos 45 a 50 anos assistiu o filme Karatê Kid, que se tornou uma febre entre os adolescentes da época. Era a década de 1980, onde vivíamos a ditadura, mas nós mesmos nem sabíamos o que isso significava. Preferíamos falar de música, de filmes, entre os preferidos estavam Star Wars e a recente saga de Daniel San e seu mestre Sr Miyagi. A trilogia foi um verdadeiro sucesso entre meninos e meninas, eu mesmo fui um dos que procuraram academias de Karatê, e por lá fiquei muitos anos. A recente continuação da saga, que se transformou em uma série da Netflix por nome de COBRA KAI, levantou uma questão muito mais que nostálgica, levantou uma questão sobre nossa visão sobre " O Bem e o Mal". Não sou crítico de cinema, e é claro que quem está assistindo a essa série, o está fazendo pela ligação com o Karatê Kid, porque na verdade é uma série bem fraquinha, tipo vários filmes de seção da tarde, mas também era a proposta do Karatê Kid. Na trilogia Karatê Kid era uma l

De Nashville à Toscana

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Annie era uma mulher vibrante, alegre, de sorriso fácil, daquelas que todo dia passa e rouba uma das maçãs nas barracas de fruta do mercadinho do Sr Rhavi, um indiano que havia deixado há muitos anos, Bombaim, sua agitada terra natal, hoje chamada de Mumbai, e mudado para a pacata região da Toscana, em especial a cidade de San Geminiano. Todo dia ela faz isso, ele já a conhece, sempre dá um grito, como aprendeu com os italianos: - Ragazza birichina!! Porca Miséria!! Mas depois abre um sorriso porque lembra que aos sábados pela manhã ela sempre faz a feira e paga por cada maçã "roubada" e ainda dá uma boa gorjeta. Annie é daquelas que brinca com todo mundo, que faz piada de tudo e até os rapazes tem receio de dar um cantada pra não sair com "um quente e dois fervendo". A não ser o mais atrevidos como foi o caso de uma vez, quando ela passou na cafeteria e pediu um café preto pra viagem, daqueles tipo americanos que vem em copo grande fechado. Um gajo, met

Chá das Cinco

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Era uma tarde fria e chuvosa nos arredores da bela e Lúgubre Londres. O inverno estava agonizando seu fim, mas ainda tinha forças suficientes para castigar o lugar com seu sopro gélido. As mãos do homem, mesmo protegida pelas luvas, estavam guardadas dentro dos bolsos do casaco de tecido grosso por fora e de pele quente por dentro, pele essa que contornava a cabeça dentro do capuz. Ele estava em pé, encostado em uma das pilastras de ferro da Finchley Road Station. O vento soprava frio e cortante como uma navalha no rosto daquele homem. A chuva era leve, a noite começava a avisar que estava chegando. Transeuntes iam e vinham, subiam e desciam as escadas daquela estação diferente das outras por que não era underground, é uma estação na superfície. Ele olhava a multidão, pensava em quantas histórias estavam passando por ali, naquele exato momento. Alguns vindo do trabalho, outros de passeios no Hampstead Heath Park, que não fica muito distante, e outros ainda como os milhares de turista

Perdão - Uma visão também no espelho

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Hoje eu gostaria de falar com meus leitores sobre um assunto que é matéria para quase todas as disciplinas humanas existentes. O perdão é matéria para a Psicologia, para a Medicina, para a Teologia, e daí pra frente. Na psicologia, a falta dele pode ser evidenciada com a insônia, amargura, melancolia, e até a depressão. Na medicina, é estudado as dores físicas, as úlceras gástricas, e até a ansiedade. Na teologia, o assunto falta de perdão vai falar sobre amor, sobre o caráter perdoador de Deus, e o mais forte, que " se não perdoarmos, não seremos perdoados" A maioria das vezes que ouvimos ou lemos sobre esse tema, a visão é sempre para o próximo. Perdoar seu irmão, perdoar seu próximo, até mesmo perdoar seu inimigo. Mas hoje gostaria de pensar com você sobre o perdão na dimensão do espelho, ou seja, o perdão a si próprio. De certa forma é menos difícil perdoar alguém que você não convive, que você vai perdoar e não vai ter de estar com ele 24 horas do dia. É menos d

Liderança Autoritária

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O Brasil, como não era de se esperar o contrário, conseguiu criar uma crise política dentro de uma crise na saúde. Uma Pandemia que tomou conta do Mundo matando milhares de pessoas, causando desemprego no mundo todo, e no meio de tudo isso somos surpreendidos por essa crise criada pelo nosso presidente da República. Eu, de coração, entendo o desejo dele,  faço votos de que tenha sucesso e que consiga implementar as políticas necesárias pra transformar nosso país naquilo que precisa ser. Um país justo, que promove oportunidade e que gaste o dinheiro público em ações que promovam o bem estar da população. Só não tenho certeza de que votaria nele novamente. Mas o tema que quero abordar com esse texto, é sobre a forma como o nosso presidente tem liderado, e que pela minha experiência de vida, tem sido vista em muitas lideranças de hoje. Ontem assisti um vídeo no qual o presidente manda alguém calar a boca. Era um repórter que mal intencionado ou não, não se espera de uma pess

A Justiça é Cega

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Nos últimos dias tenho me debatido muito com uma série de pensamentos. São pontos de tensão, questionamentos de fé, ponderações acerca do mundo de hoje, sobretudo do mundo cristão brasileiro. E é claro que analiso essa questão do ponto de vista ético/moral sobre as influências espirituais no nosso pensamento. Este texto é uma condensação de vários questionamentos que partem da minha realidade, da minha história de vida e da minha visão de mundo. Logo, aceite quem quiser, quem não quiser que viva com a sua e continuamos amigos, ou não. Quando pensei no título A JUST IÇA É CEGA , é muito mais ampla do que normalmente pensamos. Esse talvez seja meu maior questionamento. E talvez a frase deveria terminar com um ponto de interrogação porque ainda não tenho a resposta. Vai aqui um breve relato sobre minha vida,  o que moldou a minha visão de mundo. Durante toda minha infância, tive uma vida pobre, que achava até alguns colegas que eram classe média baixa, ricos pra mim. Lembro de

A Dualidade do Amor Familiar

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Família é uma coisa muito interessante, nesses dias de quarentena acabamos casando com a Netflix e assistimos a alguns filmes que nos fazem pensar e refletir sobre muitas coisas. Assistindo ao filme ESTÃO TODOS BEM, com Robert De Niro, Drew Barrymore, entre outros... me fez refletir sobre o amor à família. Já vi de tudo nessa vida sobre o assunto família. Já vi pessoas que vivem como se a família não existisse, aliás vou fazer uma pausa aqui pra dizer de que família estou falando. Não estou falando apenas da Célula Mater, pai mãe e filho - porque tem gente que acha que família é só isso. Estou falando de familia num contexto mais amplo, Pai, Mãe, filhos, irmãos, primos, tios, avós e etc. Mas voltando ao que eu estava dizendo... Já vi famílias abandonando indivíduos, assim como indivíduos abandonando família. Já conheci famílias dispersas, famílias aglutinadas, famílias estruturadas, famílias desestruturadas. Já vi pessoas que usam a família pra subir na vida, já vi pessoas que se

Coronavirus - Uma grande provação para a igreja

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Estamos vivendo um momento ímpar na história do mundo moderno. Algumas pestes já foram vistas na humanidade, como a Cólera em 1817, que matou milhares, a Varíola em 1896, que matou milhões, e a Peste Bubônica, mais conhecida como Peste Negra, que foi a maior de todas, ceifando a vida de quase 200 milhões de pessoas. Mas não tivemos nenhuma no mundo moderno. Creio que Deus está querendo falar ao mundo e nem o povo dele está atento às suas palavras. No início de janeiro, chuvas quase destruíram Belo Horizonte e muitas outras cidades do Brasil. Hoje o mundo passa por essa Pandemia, e sobretudo espero que o povo de Deus ouça a sua voz. No Evangelho de João 4, está descrito a história do encontro de Jesus com uma mulher Samaritana e a palavra dele pra ela foi: "21. Jesus declarou: "Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém.  22. Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, poi

Quarentena

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Coronavirus - Esse é o vilão, o inimigo número 1 da humanidade nos dias de hoje. O vírus teve sua primeira aparição na década de 1960, mas o atual COVID-19, teve sua primeira confirmação pela OMS, no dia 31 de dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, sétima maior cidade da China com 11 milhões de habitantes (Apesar de, nas notícias, a cidade ter aparecido como uma pequena cidade da China, mas na verdade é quase do tamanho de São Paulo, com seus 12 milhões de habitantes), e já levou milhares à morte. O vírus igualou a humanidade, não há mais diferença entre ricos e pobres, entre negros e brancos, entre brasileiros ou qualquer outro estrangeiro. A palavra QUARENTENA passou a fazer parte da vida de cada pessoa no mundo. Uma palavra que só víamos em filmes e em notícias relacionadas à pesquisas de cunho laboratoriais agora está na boca de cada um e em todos os telejornais do mundo inteiro. Mas tem perguntas que não estão sendo feitas. As pessoas precisam ficar em casa, mas como sob

Guerra Mundial "C"

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Um campeão de bilheteria estrelado por Brad Pitt em 2013, trouxe para as telonas e telinhas a ficção de uma pandemia causada por um vírus que transformava as pessoas em Zumbis, daí o nome da guerra mundial Z. O vírus do filme escolhia pessoas saudáveis para transformar em Zumbis e surpreendentemente se esquivava daquelas que tinham algum tipo de doença grave, terminal. Me lembro que na época do filme, um outro documentário tomou conta das redes sociais ao ponto de o presidente dos EUA ter de ir à público explicar sobre a veracidade ou no caso, a falta de veracidade dessas duas histórias que tomavam conta do universo, sobretudo dos adolescentes e jovens. Era o documentário sobre a existência das Sereias. As imagens eram fortes, a teoria da conspiração rolou solta e o assunto sumiu como fumaça. Nunca imaginei passar por uma situação,  uma crise humanitária de proporções apocalípticas como estamos passando hoje. E para mim as proporções se tornam ainda maiores devido ao medo do medo