Um Amor na Bolonha


Adina, era uma tipica italiana moradora da cidade de Bolonha que é a capital e a maior cidade da região da Emília-Romanha, província de Bolonha, mais especificamente, entre os rios Reno e o Savena. Cidade universitária animada e cosmopolita, com espectacular história, arte, culinária, música e cultura, com cerca de 390 000 habitantes, é a sétima maior cidade em termos de população na Itália e fica no centro norte do país, entre as cidade de san Marino e Veneza. Adina, como muitos, vivia do turismo e o dos benefícios que ele trazia com milhares de pessoas vindo de todos os cantos do planeta para descobrir o sabor do verdadeiro molho à bolonhesa. 
Sua vida amorosa daria um livro de ação. Foi namorada de Paolo, homem elegante, só andava de terno e chapéu, no início ela achou que ele era um violinista, dado ao case que não saía de sua mão, e por estar vestido como se sempre estava indo ou saindo de um concerto, mas o namoro foi se alongando e Adina descobriu, depois de o case cair de cima do sofá e para sua surpresa não saiu de lá um instrumento musical mas sim uma Thompson Submachine Gum, mais conhecida como Tommy Gun, uma das metralhadoras preferidas da máfia italiana. Sim, seu namorado era um mafioso pertencente à Cosa Nostra.
Foram 8 meses de namoro com medo. Ela não sabia se tinha mais medo de continuar a relação ou terminar, nunca se sabe o que esperar de um mafioso, e se contrariado ainda...pior! Até que chegou a notícia que Paolo havia sido morto pela policia depois de uma troca de tiro, por causa de bebidas, armas e drogas. Aquela triste noticia foi um refrigério para Adina. Alguém tomou a decisão por ela (pensou em mandar um presente para os Carabinieri)
Um outro namorado de Adina foi um turista, que chegou para Bolonha, como 99% dos turistas para comer as massas italianas e o famoso molho à bolonhesa. José Maria era um empresário colombiano que tinha tirado um mês de ferias pra passar na Itália. Foi numa feira típica da cidade, com mercados, lojas e muita gente falando alto pelas vielas e gesticulando, como todo italiano fala (dizem que os italianos falam com as mãos), que eles se conheceram. José Maria falava um italiano misturado com espanhol e tentava comprar um sanduíche de salame numa daquelas lojas, mas cometeu um erro terrível, perguntou ao proprietário se tinha alguma folha de alface e ketchup, Isso para o italiano chega a ser um quase crime. O homem gritava come ele: - 'Non so come mangiare non venire al mio stabilimento. Che hamburger cerca MacDonalds.' ou num bom português..Não sabe comer não venha ao meu estabelecimento. Quer hamburger procura o MacDonalds. 
Adina, vendo aquela cena e tentando ajudar, chamou José e ele falando um "italianol"(mistura de italiano com espanhol) tentava explicar que o pão tava muito duro e seco, só queria molhar um pouco. Adina entendia um pouco de espanhol por causa do grande numero de turista com quem convivia diariamente, o ajudou a sair daquela enrascada. Naquela noite José Maria a levou para jantar como forma de agradecimento. Logo, logo estavam meio que namorando...Passou um mês, dois meses e estava para completar três meses que estavam se vendo e Adina começou a se questionar que raio de férias era aquela que não acabava. Um dia perguntou a ele: 
- Amore, sono contento che tu sia qui. Ma per quanto riguarda la loro attività in Colombia? Permite que otra cuidar de los negocios? Incluso cuando se pone aquí?
-  Amor, estoy tratando de abrir una franquicia de mi negocio aquí en Bolonia. Estoy haciendo un montón de contactos y creo que para los próximos meses van a estar todo listo.
Uma semana depois José Maria foi preso pela PdS - Policia di Stato, como a Policia Federal no Brasil. José Maria era traficante de drogas e depois de um mês em Bolonha começou a ser investigado pela policia e que só estavam esperando ele concretizar o negócio para prendê-lo. Mais uma vez Adina se vê agradecida à policia italiana.
Mas então, numa sexta-feira do mês de outubro quando a cidade comemora a Semana das Nações, um grupo de gaitas de foles vem à Bolonha para se apresentar representando a Escócia. Como era surreal aquele som! Parecia entrar na alma, e aqueles homens vestidos de trajes típicos era um espetáculo para os olhos e para os ouvidos. Foi quando Adina viu aquele homem diferente, não era branco como os demais, parecia não ser daquele país. Algo no seu jeito dizia a ela que ele tinha "cheiro de homem". Por coincidência o grupo resolveu jantar na Trattoria onde Adina trabalhava. Comeram muitas massas e aprovaram o molho tão famoso, preparado pelas mãos de Adina. No final disseram que queriam homenagear quem fez o molho tocando uma música. Os garçons correram e mais que depressa chamaram Adina. Ela nem acreditou, passou as mãos no jaleco branco, tirou-o por cima da cabeça e foi para o salão das mesas. Quando ela chegou o grupo, juntamente com os outros clientes aplaudiram-na e já foram enchendo seus instrumentos de ar para tocar uma das mais famosas obras sacras Amazing Grace. Ao término aplausos em meio aos suspiros.
Adina era uma loira, de braços fortes, risada larga, como toda boa italiana, pernas grossas e ficava vermelha com muita facilidade. Todas as colegas brincavam com ela pq adorava tirar fotos com os clientes. Cada um novo que chegava e pedia uma foto era juntar a fome com a vontade de comer. Ela dizia que seu rosto já devia estar em pelo menos 40 países. Mulher de garra que lutava pra sustentar sua família e apesar de durante o dia estar "vestida pra guerra", à noite aquela mulher se transformava num verdadeiro "avião", extremamente elegante, de muito bom gosto, se maquiava com perfeição e como toda italiana, caprichava nos olhos.
Vidah era o nome daquele homem pardo que não tirava os olhos dela e que também a chamou atenção, depois que todos tocaram, um por um foi passando por ela pra cumprimentá-la, Vidah fez questão de ser o último. Olhou-a nos olhos e disse:
- Gostaria de jantar amanhã comigo?
- Sim, por que não? 
- Onde podemos nos encontrar?

Ela parou pra pensar um pouco e respondeu: - Às 20h no Ristorante Garganelli
- Ok, estarei lá

Aproximou se dela e lhe deu um suave e longo beijo no rosto.
No dia seguinte, sábado, Vidah ligou para o restaurante reservou uma mesa e às 19:30 já estava lá aguardando Adina. Ela chegou num lindo vestido azul. Numa maquiagem como de costume...olhos bem pintados e com uns brilhos diferentes. Usava uma trança nos cabelos loiros apoiada sobre o ombro direito caída para a frente. Uma pequena bolsa prateada na mão dava um toque ainda mais elegante. Ele levantou quando ela se aproximou, deu-lhe um beijo novamente no rosto e puxou a cadeira para que ela assentasse. Era um gentleman! O jantar estava divino, começaram com uma "pasta" (tradicional primo piatti italiano) para abrir o apetite, era um talharim ao alho e óleo. Depois veio Costeletas de Cordeiro com risoto e como último prato uma salada de espinafre, nozes com pedaços de morango e queijo tipo feta. Todos regados por um ótimo vinho da casa e água com gás, e um pão na mesa, tudo bem à maneira italiana de comer. 
Após o jantar foram caminhar Arboreto del Pilastro, um pequeno bosque ali perto do restaurante. Adina estava encantada com Vidah, sua voz era gostosa de ouvir e ele sempre tinha o que contar, o que dizer, e respostas certas para as perguntas dela. À meia noite Vidah pergunta:
- Gostaria que a levasse em casa?
- Sim claro, a noite foi ótima, mas preciso me recolher
- Sim, meu carro está próximo daqui
- Mas como? Vc não está à turismo? 
(Insegura já por causa das relações anteriores)
- Sim, mas aluguei um carro para esta noite. Não queria ficar com 3 pessoas num carro. Essa noite é apenas nossa (mais uma resposta certa)
Foram para o carro e se dirigiram à casa de Adina, mas antes que chegassem ao endereço digitado no Wase que lhes traçou a rota, subitamente Vidah pára o carro num lugar sem movimento. Avança para cima da moça e ela responde com mesmo fogo. Não esperaram chegar à casa dela....Se amaram ali mesmo no carro.
Aquela noite, sem sombra de dúvidas, foi a noite mais espetacular que ambos viveram. Vidah deixou Adina na porta de sua casa, saiu do carro e a abraçou num abraço longo e acolhedor. Ela sentia que um homem sério estava ali diante dela. Continuaram a conversar nos dias e semanas seguintes, se conhecendo cada vez mais, conhecendo a familia um do outro, conhecendo a profissão de Vidah, enfim... planejando o futuro de suas vidas. Aquele homem de maneiras simples tinha uma profissão que podia exercer em qualquer lugar da Europa. Abriu um consultório próximo à Bolonha, se mudou para lá, e ambos desfrutaram do resto de suas vidas, felizes, e calmamente apaixonados. Adina encontrou um porto seguro e Vidah encontrou uma companhia pra envelhecer junto.

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