Nosso Muro das Lamentações

Conversando com uma amiga sobre muros, ela me sugeriu que eu escrevesse sobre. Fiquei pensando nos muros famosos da história. O Muro de Berlim - Que foi construído para separar a Alemanha Oriental (socialista), da Republica Democrática Alemã (capitalista). Esse muro dividia a cidade de Berlim ao meio e também, de certa foram, simbolizou os limites da Cortina de Ferro. Todos os países que estavam atrás dessa fronteira eram socialistas. 



Outro muro famoso á a Muralha da China - Ela também é conhecida como a Grande Muralha, é uma estrutura milenar construída entre 220 a.C. e o s´c. XV quando foi praticamente terminada. Na verdade, a Grande Muralha é um complexo de várias muralhas e foi construída durante a dinastia Ming com o objetivo de defender o território chinês das invasões de outros povos. Várias dinastias continuaram sua construção. É o único monumento que pode ser visto a olho nu quando se está na órbita da terra.

Não vou falar do muro do Trump, porque não vale a pena! Mas vou falar em outro famoso muro - The Wall - É  o décimo primeiro álbum de estúdio da banda britânica de rock Pink Floyd. Lançado como álbum duplo em 30 de novembro de 1979 foi, posteriormente, tocado ao vivo com efeitos teatrais, além de ter sido adaptado para o cinema. É o último projeto a contar com a participação dos quatro membros que compõem a chamada formação clássica. The Wall trata de temas como abandono e isolamento pessoal. Foi concebido, inicialmente, durante a turnê In The Flash, em 1977, quando a frustração do baixista Roger Waters para com seus espectadores tornou-se tão aguda que ele se imaginou construindo um muro entre o palco e o público. The Wall é uma Ópera rock centrada em Pink, um personagem fictício baseado em Waters. As experiências de vida de Pink começam com a perda de seu pai durante a Segunda Guerra Mundial, e continuam com a ridicularização e o abuso de seus professores, com sua mãe superprotetora e, finalmente, com o fim de seu casamento. Tudo isso contribui para uma auto-imposta isolação da sociedade, representada por uma parede metafórica. (fonte wikipedia)

Eu poderia citar outras também porque nossa história está cheia delas (sintomático isso, não?), como A Muralha - Como era vista nossa costa montanhosa pelos exploradores portugueses; A Muralha de Jericó; O Muro das Lamentações, em Israel...e outras mais

Observando esses exemplos, gostaria de divagar minha mente, sobre as paredes, muros, e até muralhas que construímos ao nosso redor, que a priori são para nos proteger mas que se tornam verdadeiras barreiras nos relacionamentos. Algumas pessoas tem as suas, tão altas e fortificadas que muitos não conseguem sequer chegar perto. Esses muros podem ser: emocionais, sociais, e físicos.

Emocionais são os muros que criamos após um trauma, uma decepção, uma desilusão... após se recuperar, é quase que natural o sentimento de não querer mais passar por aquela experiência, então nos cercamos com esses muros;

Sociais são aqueles, que de certa forma, estão postos pela sociedade. Muros dos Tabu's, dos dogmas, do politicamente correto, da família, da religião, do que cremos como certo e errado dentro do social;

E por último, os muros físicos. Aqueles que são a distância em quilômetros, o muro da casa, a parede do cômodo, e por ai vai.

Lembro de uma vez, quando estava na Europa, já estava sentindo falta de ouvir alguém falar português, de falar com alguém que tivesse a mesma fé que eu...lembro que conheci um rapaz que quando ele falou que era cristão eu nem quis saber qual a denominação dele...não perguntei se era batista, assembleiano, presbiteriano, ou qualquer outra...(isso era tudo pre-besteirianismo! não conseguir evitar o trocadilho...desculpem ai, rsrsrs). Depois de um tempo ele me disse uma frase muito legal: "Quando estamos num lugar de poucos evangélicos, subimos acima dos "muros" das denominações e lá em cima somos um povo só." Achei fabulosa!

Eu nas minhas divagações chego a conclusão que esses muros ao invés de nos proteger, eles são como prisões, nos excluem do todo, tapam nossa visão, nos limita os sonhos, só vemos o céu não vemos mais o horizonte...

pensem sobre isso....

Comentários

  1. Ainda acredito que os piores muros são os emocionais, os afetivos. Estes são tão resistentes que por mais que desejamos não conseguimos transpor, apesar de " ser apenas um muro".
    Ando um pouco cansada de tentar superar estes muros existenciais, confesso. Ando pensando se não sou um tanto "onipotente" ao acreditar que posso ajudar todo mundo a minha volta. Fico , por vezes, me consumindo com os problemas alheios e cada um esta seguindo sua vida. Tenho medo de voltar a levantar mais muros a minha volta. Ao longo da vida já levantei tantos, já me isolei demais. Sinto falta de mais e mais pessoas mas ... Será que elas não estão confortáveis dentro dos seus muros ? Recentemente um "muro" foi construído em torno de mim. Um muro chamado "rede social". Simplesmente um Pastor me excluiu da página da sua Igreja. Acho que ele não acredita que eu sou uma possível "ovelha", talvez me veja como "um lobo". Penso que ele é um fraco, que se envolve em torno dos muros que lhe trazem conforto e segurança. Numa sociedade que clama por inserção, por amor , somos em todos os momentos, vítimas do "emparedamento social".
    Seu texto é um convite a reflexão.
    Que cada um possa olhar os muros que levanta em volta do ser humano, a Palavra do Cristo liberta, mas o comportamento humano destrói. E a Palavra é do Cristo, não do homem. De que vale pregá-la se não a vive ?

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    1. Minha querida, seu comentário sangra de dor. O objetivo do post é trazer essa reflexão mesmo, e que bom que trouxe à tona essa mágoa que precisa ser tratada. Talvez algumas perguntas precisam ser feitas...Por que essa exclusão mexeu tanto com vc? Por que esse sentimento de ajuda a todo mundo? Por que essa expectativa de ser aceita pelo outro? Vamos trabalhar nisso??

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  2. Sua analogia perfeita. Sangrei na alma e no coração.
    Respondendo suas indagações:
    - "A exclusão" foi terrível ! Vários aspectos precisam ser esclarecidos para que se possa entender a dimensão e proporcionalidade da situação. Em um primeiro momento, acho que projetei neste Pastor a imagem do meu pai, que também era Pastor. As lembranças que guardo do meu pai é de total INCLUSÃO, jamais EXCLUSÃO. Nossa casa era a casa de todos, sempre havia um lugar à mesa para as pessoas, fossem elas evangélicas, católicas, budistas, espíritas. Minha mãe, mais leiga deste mister que é cumprir esta missão muitas vezes o questionava ele aceitar "se misturar" e a resposta era uma só : "Zilda , o Cristo veio curar os doentes e não os sãos". Outro aspecto a ser abordado são as lembranças de criança que guardava deste Pastor, pois já privamos da companhia um do outro numa época antiga. Guardava lembranças de momentos agradáveis e felizes. Tudo ficou "maculado", as lembranças bonitas que tinha da pessoa e a referência que imaginei dele como Pastor. Sua postagem fez renascer a memória desta tristeza guardada. Deste recado que ele me transmitiu ao me excluir. A minha leitura foi quase como uma frase dita verbalmente, tipo "não lhe quero como amiga, não lhe desejo em meu circulo de amigos". Mas, levei novamente o assunto a minha terapia e acredito que consegui me perdoar. Sei que não cometi erro algum com ele, e se o comportamento dele é "excludente" faz parte do caráter dele e nada tem haver comigo. Definitivamente, fazer referência da imagem dele a do meu pai foi um grande equivoco que tomei.
    - "ajudar todo mundo" - Isso parte de uma personalidade muito "onipotente" minha, que tento refrear com a ajuda da terapia e por um outro lado, tem um componente muito humano, que sei que pode ser uma característica positiva e não negativa minha. A questão é que o ser humano me toca profundamente e a dor dele ainda mais. Estou feliz quando posso ajudar a um irmão humano que sei que precisa. Isso me traz grande conforto a minha alma. Me sinto mais humana, mais feliz. Não espero contanto, gratidão. Na verdade, nem gosto desta palavra pois ela subentende "troca, pagamento". Quero, que Deus, me conceda mais oportunidade de ajudar ao próximo. Isso pra mim é benção.
    - "Expectativa em ser aceita" - Não tenho esta expectativa, mas em todos os meus atos procuro ser e fazer o meu melhor. Trabalho com o público, aprendi a ser amada por uns e rejeitada por outros. É a roda da vida, para que meu trabalho seja recusado, outro profissional da minha área será aceito e beneficiado. Isso é a benção de Deus sobre a vida de todos. Na maioria dos casos tenho sido aceita mais que rejeitada. Procuro ser sensível as pessoas que estão a minha volta e isso faz com que eu tenha delas a admiração e o amor.
    Acho que consegui fazer um breve resumo do que suas perguntas me suscitaram.
    Agradeço imensamente por seu blog, por seus textos. São de uma sensibilidade e profundidade incrível. Deus o abençoe, primo.

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    1. Agora vejo que elaborou bem. fico muito feliz em ter encontrado respostas. As vezes criamos ideias em pessoas que estão em nós mesmos e não necessariamente na outra. Nos frustramos por querer que alguém seja como nós somos, que pense como pensamos e que faça o que nós faríamos. Isso é uma armadilha.
      Estou realmente muito feliz, sinto um certo frisson na sua fala, e como a conheço quase a vejo falando rápido com pressa de apresentar seu raciocínio.
      muito obrigado po0r fazer deste blog um espaço de liberdade de expressão.
      Bjs

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