Vítimas de Nós Mesmos

Durante os últimos dez anos tenho estado muito atento ao comportamento humano e buscando respostas para alguns questionamentos meus e de pessoas que me procuram para um aconselhamento ou outro. Tenho percebido que grande parte do insucesso de muitos relacionamentos está no fato de algumas pessoas se colocarem numa posição tão defensiva que passa a ser nociva à sua própria existência. Já falamos disso em outros posts sob o foco da autossabotagem, mas neste, vamos abordar um outro enfoque.
Um amigo me disse certa vez que no mundo só tem espaço pra dois tipo de pessoas: Tubarões ou Tartarugas. Ou você é predador ou você é presa. O mundo que vivemos é, sem sombra de dúvida, selvagem. Já ouvimos o termo Capitalismo Selvagem, preparamos nossos filhos para disputar uma vaga, seja na faculdade, seja no mercado de trabalho, seja num concurso.

Tenho visto muitas pessoas perderem seu relacionamento por se colocarem sempre na posição de vítima. É sempre o outro o culpado, é sempre o outro o agente promotor do sofrimento, é sempre o outro que tem que mudar. Pessoas que “gozam“ desse lugar, porque nesse lugar ela tem mais promoção, nesse lugar tem mais atenção, nesse lugar sua insegurança é premiada.

Um relacionamento maduro precisa ser equilibrado, em algum momento o predador aparece, numa decisão, talvez, numa ordem imperativa; em outro momento se é a presa, a submissa, a que escuta; mas na grande maioria das vezes o equilíbrio deve ser o fator predominante. Ninguém aguenta ser a tartaruga vítima a vida toda, ninguém aguenta ser o tubarão a vida toda...uma hora a conta vem para ambos os lados.

Minha sugestão é que o diálogo seja a ferramenta para se delimitar esses limites. Que a orientação do sábio seja posta em prática “Prudente no ouvir e tardio no falar, e tardio em irar-se“  Nenhum relacionamento está seguro se cada um fizer apenas 50% da sua parte, pois no dia que um dos dois não estiver bem o relacionamento está em déficit.

Bom ano novo, com atitudes novas e sem mimimi!

Comentários

  1. Recentemente li uma frase bem interessante: "As pessoas te ouvem para te responder, não para te compreender."
    O que falta nos diálogos é o fator compreensão. Acredito até que os casais estejam conversando mais que no século passado, porém estão compreendendo menos a narrativa do outro, e aí tudo se perde. Se eu ouço para questionar e não para compreender, toda a retórica do outro se perde e assim consequentemente, o outro não desejará me compreender quando for eu a falar. Há muita competitividade nas relações humanas hoje, seja qualquer o aspecto que a abordamos. Está muito difícil manter um nível saudável de interação social. No trabalho, na família, nas amizades e nos casamentos há sempre o que se questionar mais que o que se compreender e assim, vamos nos tornando reféns de nós mesmos, isolados e solitários, mesmo que em meio a multidão.

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    Respostas
    1. Concordo plenamente Prima. Leandro Karnal diz que vivemos em um momento que todos querem ser ouvidos e não ouvir ninguém. Mesmo num dialogo, o que se quer é ser ouvido e não ouvir o que o outro diz. Cada um com sua verdade, cada um com sua necessidade. Será que sobreviveremos a isso?

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    2. Estamos nos tornando doentes primo. É a geração dos deprimidos, dos bipolares, dos sociopatas. Há quem diga que não confia em psicólogos ou psicanalistas, outros não admitem a hipótese de sentar a frente de um psiquiatra. Eu uso toda a ciência a meu favor, sento a frente de qualquer um que possa me ajudar a permanecer sã neste mundo. Focault disse que a sociedade criou os hospícios para que se pudesse distinguir os loucos dos sãos, mas que verdadeiramente havia mais loucos fora do que dentro deles. É assim. Cada um com suas verdades imutáveis.

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