Quando a Escola Perde o Amor por Ensinar

Durante toda nossa vida estamos às voltas com o ambiente escolar. Desde muito cedo vamos pra escola, lá fazemos amigos, lá aprendemos a compartilhar as coisas, além das matérias normais como matemática, português e todas as demais. Durante toda nossa vida assistimos filmes americanos que retratam a vida escolar, na maioria das vezes em períodos de férias ou os meses que antecedem as formaturas e os bailes.

Assistindo ao premiado filme WONDER, indicado ao Oscar de 2018 por melhor maquiagem, que conta a história do menino Auggie Pullman que nasceu com uma deformidade facial, o que fez com que passasse por 27 cirurgias plásticas. Aos 10 anos, ele irá frequentar uma escola regular, como qualquer outra criança, pela primeira vez, na 5a. série... percebo quão distante estamos da paixão pela educação. A história passa pela inclusão, pela luta contra o bullying, pela superação pessoal, autoestima. De um modo geral um excelente filme para assistir com a família.

Quando digo que estamos distantes da paixão pela educação quero pôr em evidência o posicionamentos de algumas instituições tanto públicas quanto particulares. Tive filhos estudando em ambas, e como sempre acompanho de perto a educação escolar dos meus filhos, percebi a falta de paixão em muitos professores e também em muitas direções e diretorias. Infelizmente o número de professores e diretores que amam a arte de ensinar não consegue se sobressair à visão mercadológica em que muitas estão inseridas.

Muitas escolas particulares trocaram sua paixão por ensinar pelo sucesso de colocar cada vez mais alunos nas universidades, de preferência as federais. Criam processos seletivos pra escolher os "melhores" candidatos para ingressar na escola. Há um nível mínimo a ser alcançado para se frequentar tais escolas. Não há mais a paixão por inserir alunos menos favorecidos, alunos que tiveram menos oportunidades de terem um bom estudo. Não estou nem falando de alunos com QI mais baixo ou alunos pobres que não tiveram oportunidade de  terem uma boa base no ensino fundamental. Esses candidatos que não alcançam o índice exigido para ingressar na escola são descartados como lixo, como algo que não presta pra aquela escola.

A escola boa é aquela que coloca o maior número de alunos nas universidades públicas, a escola boa é aquela que já prepara o aluno para sua vida profissional. E é claro que o preço nas mensalidades é compatível com esse sucesso, que também é revertido para os bons salários dos diretores e principalmente em manter os proprietários na classe AA da sociedade.

Numa outra direção segue o ensino das escolas públicas. Muitos professores preocupados com seus benefícios, com o salário que é baixo (mas quando fizeram concurso já sabiam que era), preocupados com a política do país, se esse ou aquele partido é melhor, se esse ou aquele prefeito é melhor. A pergunta que fica é: Melhor pra quem? 

As escolas estão procurando melhores benefícios para os alunos? os diretores e diretorias estão buscando melhores condições de vida para seus alunos? Os professores levam cartazes e faixas para frente das sedes dos governos buscando melhorias para seus alunos?
Claro que não! Lêdo engano pensar que alguém pensa nisso!!!
Tem professores que estão afastados da sala de aula e seu maior pesadelo é pensar que pode voltar pra sala de aula.

Tenho muitos amigos profissionais dessa área e sempre ficam chateados quando escrevo algo que denuncia problemas na educação. E é claro que eles reclamam porque muitos deles não se enquadram no perfil que eu denuncio. E isso é a pura verdade. Existe um contingente de professores preocupados com seus alunos, preocupados com o ambiente onde esses alunos são criados. Muitos professores são espancados por alunos, maltratados pelos governos, tiram dinheiro do próprio bolso para fazer material didático, levam trabalho para fazer em casa, muitos trabalham sem vencimentos.... professores que um dia sonharam com uma carreira mas que, ao enfrentar a realidade, só pensam em sobreviver.

Será que um dia ainda veremos esse país realmente preocupado com a Educação? Será que um dia veremos professores sendo reverenciados por seus alunos? Sendo visto como referências, como ídolos, como mestres?? Será que um dia teremos lideranças políticas realmente interessadas no crescimento intelectual do povo, sem se preocupar que esse crescimento prejudique sua carreira política?