As Quatro Estações

Uma das maneiras de se ver o ano é pelas estações. Um certo tipo de dinâmica do nosso planeta que, em virtude da variação da luz solar e como ela atinge a superfície da terra demarca os períodos do ano em quatro estações. São elas: A Primavera, Verão, Outono e Inverno. Nos países da Europa e nos acima da linha do Equador, elas são mais pontuais, mais visíveis. Já nos países chamados Tropicais, elas, apesar de existirem, não são tão bem percebidas.

Todos nós conhecemos bem as 4 Estações, até eternizadas por grandes compositores como Vivaldi, e curiosamente, aqueles que moram em países tropicais costumam seguir, em forma de fantasia, as estações dos países não tropicais. Por exemplo na época do Natal, é muito comum ver no Brasil, as casas enfeitadas com motivos natalinos, árvores de natal, mas à exemplo dos países do hemisfério norte, elas tem alguma coisa que lembre a neve. Muitas casas, inclusive, fazem sua ornamentação de Natal, com bonecos de neve no jardim, renas e trenós, mesmo vivendo em pleno verão. Quando eu estava na Europa estudei com uma moça suíça que achava engraçado eu falar que antigamente se colocava algodão nas árvores de natal no Brasil, para que se parecesse com neve.

Gostaria de usar essa ilustração das 4 estações para traçar um paralelo sobre nossas vidas e nossos relacionamentos. Quem sabe ao ler esse post você esteja passando por um inverno rigoroso e a vontade de desistir está crescendo cada vez mais.

Pois bem...
No ciclo da vida que vivemos, ou por que não dizer, na vida cíclica que vivemos, as quatro estações estarão sempre presentes, uma atrás da outra, sucessivamente por toda a vida. Não há como pular uma delas, não há como deixar de viver uma delas, ou achar que podemos viver um eterno verão, mesmo nos países tropicais, onde o sol é abundante, as estações estão lá, mesmo não sendo muito percebidas... elas estão lá.

O VERÃO
Marcado pelo calor, pela possibilidade de usar menos roupas e se tornar de certa forma mais leve, mais livre, mais à vontade... traz consigo a alegria dos relacionamentos, da interação, do estar junto, de conhecer novas pessoas, fazer novas amizades e de trazer pra vida o calor que o sol dispõe. Quem não gosta de aproveitar o fim da tarde para correr na calçada da praia, ou apenas caminhar, ou andar de bike encantado pelo pôr do sol. No Rio de Janeiro temos até o costume de aplaudir esse momento.
Nos nossos relacionamentos não é diferente. Há períodos da vida a dois, familiar, ou relacional de um modo geral, que somos mais calorosos com quem está próximo, ou até mesmo com quem dividimos a cama. O "calor" é associado ao fogo das paixões, dos corpos que suam juntos, seja na intimidade ou seja numa partida de vôlei na praia. Mas é bom entender que essa estação passa! Assim como numa estação de trem... ela passa!

O OUTONO
No último ano, mesmo num país tropical e talvez na cidade mais tropical do Brasil - O Rio de Janeiro - o Outono foi muito claro, muito evidente. A temperatura estava amena, havia uma brisa suave nos fins da tarde, o sol pairava no céu como que olhando para a terra e dizendo: Hoje vou só dar luz, não quero dar calor! Fico vendo as fotos desta estação do ano em países como Canadá, EUA e até em alguns da Europa. As árvores estão com as folhas avermelhadas, num tom pra marrom sépia, logo o chão fica coberto por essas folhas dando um ar de suspense, um ar meio sombrio como se esperássemos algo difícil que está por vir. E bem da verdade o difícil vem, certamente vem. Sabe aquele momento em que o relacionamento parece estar pronto para hibernar? sabe aquele momento em que você olha e pensa: Algo errado está acontecendo, algumas coisas estão caindo, as folhas de nossa árvore estão pelo chão. Folhas que traziam alegria, folhas viçosas, que balançavam ao vento, que se alegravam nas festas, que eram bonitas até molhadas pelas chuvas onde se podia ver uma gota deslizando por ela. como a água do chuveiro que cai no corpo e desliza por ele. Essas folhas estão aparentemente mortas, escuras, amarronzadas, acinzentadas, sem cor definida, sem brilho sem vida. A árvore de nossos relacionamentos estão peladas, com galhos aparentes, como nossa nudez, pra todos verem que acabou. SQN... essa estação também passa. Não é a vida que acabou, é apenas uma fase.

O INVERNO
O tão lindo e temido tempo chegou, o inverno rigoroso, para alguns mais e para outros menos, mas todos passaremos por ele. Como é lindo ver o inverno nos países não tropicais. Neve para todos os lados, uma paisagem tipicamente branca, onde tudo que era colorido se tornou preto e branco, se tornou gris. Lindo ver os lagos congelados e pessoas praticando ski e patinação. Pessoas com roupas lindas, quentes, grossas, aconchegantes. Algumas com a pele rosada pelo frio, com gorros ou toucas na cabeça e luvas nas mãos. Mas, só para quem vive num país de frio abaixo de zero sabe o que é viver com a neve e todos os percalços que ela traz. Os escorregões nas calçadas, aquele gelo fino que se pisa numa poça que se quebra molhando todo o sapato e meias; a hora que você precisa vestir o casaco, pegar a pá e tirar a neve da sua calçada porque é obrigatório; a lama que ela faz misturada ao sal que a prefeitura joga para derretê-la; o tira e põe roupas; o cabelo que não pode sair molhado porque se não, congela; a pele queimada pelo frio e que não há como esconder, e que às vezes dá vontade de pôr as mãos com luvas protegendo o nariz pois está sentindo que ele está congelando... e por aí vai. Uma terrível dificuldade para ir trabalhar, carros deslizando; a corrente que tem que colocar nos pneus se seu carro for uma pick-up. Nada diferente de relacionamentos que se enrijeceram pelo frio, pela frieza, pela indiferença, pela falta de calor humano. Relacionamentos que hibernaram no "tanto faz", no "pode ser", no "não vai mudar mesmo", e perderam suas cores, seu calor, suas folhas e seu brilho. Agora como um urso pardo, está hibernado, dormindo e não se sabe quando vai acordar ou se vai acordar. Relacionamentos de choro escondido, num canto do quarto ou virado na cama insatisfeito com a frieza e com a saudade dos tempos de outrora onde era quente e alegre. Mas... esta estação também passa, e é preciso estar certo disso, porque caso contrário pode desistir dele achando que um outro relacionamento será melhor, sem imaginar que o outro também passará pelas mesmas estações.

A PRIMAVERA
Finalmente ela chega, cheia de vida e de renovo. Plantas que pareciam estar mortas renascem vibrantes como se estivessem acabando de nascer. Cores por todos os lados; as árvores se enchem de folhas e vida novamente; o gelo derrete e faz brotar relvas verdes que margeiam os caminhos de todos. As flores crescem e sibilam como se estivessem dançando ao som do vento. Os parques se enchem de pessoas, de crianças correndo pra lá e pra cá. O sorriso estampado no rosto da maioria delas traz um clima de singeleza, de alegria, de que tudo valeu a pena, estamos de volta à vida, de volta ao barco, pronto pra encarar novas ondas, pronto pra comemorar... sempre há o que comemorar na primavera! No relacionamento essa estação chega também, aliás, sempre se começa por ela, no inicio são sempre flores, mas quando vem as dificuldades das outras estações achamos que ela nunca mais voltará. Mas volta... o importante é você estar aberto para esse retorno, porque você mesmo pode se tornar um obstáculo para que a primavera venha logo, e fique mais tempo do que deveria no inverno.

Força, coragem, fé, esperança, e maturidade para entender os processos naturais da vida. O fim do ano se aproxima, em alguns lugares será verão, em outros inverno, então saiba que mesmo que alguém próximo a você esteja vivendo uma alegria "invejante" não quer dizer que ela não tenha passado por tristezas e decepções, ou que não passará. O fato de estarmos alegres não quer dizer que essa alegria será eterna, da mesma forma a tristeza também não é. Tenha paz no seu coração, e ter paz não é necessariamente não ter problemas, mas sim a certeza de que eles passarão, e um novo dia renascerá, brilhante, cheio de cor e de vida.  

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