Feridas da Alma 3 - ABANDONO


 Depois de um mês de férias, volto aos meus textos com muita alegria e inspiração.


Gostaria de retornar à minha série sobre Feridas da Alma, agora falando sobre mais uma que pode causar um trauma e desencadear, além de um sofrimento, atitudes (danosas) de autopreservação.
O abandono pode ser uma experiência vivida na infância mas também pode ser vivida na vida adulta. Ambas trazem consequências graves para a vida do indivíduo. Quero tratar desses dois aspectos separadamente para que o leitor tenha mais clareza em identificar, ajudar, ou buscar ajuda para cada uma das formas.

Em primeiro lugar gostaria de abordar sobre o abandono infantil. Vivemos um tempo muito difícil e de certa forma irresponsável no tocante à gravidez indesejada, não programada ou de mãe solteira, e algumas vezes gravidez até na pré adolescência. Essas crianças que nascem são fortes candidatas a serem abandonadas. Uma criança que é abandonada pelos pais, ou simplesmente por um dos progenitores, pode criar durante sua vida um processo de auto preservação de não se apegar a ninguém por medo de que este(a) o abandone. Podem criar também uma atitude de "Vou te deixar antes que você me deixe". São pessoas que entram na fase adulta da vida sem conseguir manter um relacionamento duradouro. Crianças abandonadas podem desenvolver uma depressão longa, difícil de ser tratada porque ela mesmo não sabe que tem. 

Um outro efeito danoso que essa ferida traz é a culpa. A criança vive por um longo tempo culpando a todos por sua situação. Tem dificuldade de se sentir amada e por consequência, dificuldade em confiar em adultos. Como vocês podem ver, o ABANDONO em uma criança tem um efeito desastroso, e não faz acepção de classe, pode acontecer em pessoas pobres, mas também em filhos da classe alta, que se sentem abandonados pelos pais, trocados por trabalho, por carreira, por uma outra família, e por aí vai.

Adultos também podem viver o trauma do abandono e de igual forma causar feridas para os próximos relacionamentos. Adultos, em geral, são abandonados por seus parceiros, porque a grande maioria já deixaram seus pais. É claro que há exceções. Alguns adultos podem se sentir abandonados por seus pais.
A Bíblia nos traz um exemplo do próprio Jesus. Em Mateus 27.46, Jesus está na cruz e o sentimento de abandono invade sua alma e ele clama em alta voz: "Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" Só para deixar claro que o "abandono" não foi por uma falha do pai, mas sim porque seu filho, Jesus, estava coberto pelos pecados de toda humanidade e por esse motivo ele não podia ter mais comunhão com seu pai.

Outro abandono que um adulto pode experenciar é o abandono no altar. O trauma que uma noiva ou noivo pode desenvolver após vivenciar essa experiência vai levá-los a temer um próximo relacionamento, principalmente no que tange ao altar. A maioria consegue se relacionar, mas têm dificuldades em voltar ao altar.
E o último abandono é o da separação ou divórcio. Cada cônjuge aposta todas as suas fichas no casamento, ninguém casa pra separar, ninguém casa esperando que se separe. Aquele(a) que fica, nutri o sentimento de ter sido abandonado(a). O que sai, obviamente tem seus motivos mas não vou tratar aqui porque o tema é abandono, mas concordo que alguns que saem, saem por sentir que foram abandonados durante a relação.
Nesses casos, a pessoa tem enorme dificuldade em se relacionar para casamento novamente. Muitos não conseguem acreditar que a outra pessoa esteja inteira na relação, a falta de confiança é uma marca de quem tem medo de ser abandonado(a) mais uma vez. Essa ferida pode causar medo, podem ser tachados como individualistas, frios, ligados demais aos filhos (porque eles sempre serão filhos), mas na verdade são todas marcas de feridas causadas por abandono.

Essa série não tem objetivo de trazer respostas de como curar tal ferida. O objetivo é elucidar, trazer à luz, pontuar algumas coisas para aquele que sofre do mal ou alguém que vive em proximidade com quem sofre, possa buscar ajuda profissional.

Assim como na ferida 2, no outro post, gostaria de trazer à memória a questão espiritual, lembrando que o amor de Deus é incomparável. Aquele que dá a própria vida por amor a alguém que não o ama, é prova de um amor incomparável. E em segundo lugar também gostaria de estimular a procura por um profissional para ajudar a vencer esse desafio enorme.
Não se pode desistir, nem se deixar acostumar ao sofrimento. 

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