Desafios do Relacionamento - Presos ao Passado

Há muito tempo atrás havia uma série que se chamava Túnel do Tempo, eram dois homens que viajavam para diversos lugares e por muitas vezes eles se viam presos no passado. Aliás esse tema foi abordado em vários filmes e em vários seriados até no épico Planeta dos Macacos, onde um astronauta ao se deparar com uma chuva magnética acaba viajando no tempo e parando numa outra dimensão que aparentemente era futuro (do pretérito) onde os homens não mais dominavam o planeta e sim os macacos. Ao mesmo tempo que parece uma viagem ao futuro ele se apresenta como passado.

Como não temos domínio nenhum sobre o futuro, e como o presente, o nome já diz - é um presente - a matéria que mais é mexida, revolvida, pensada é o passado. Sempre olhamos para trás para tentarmos não errar nas escolhas, mesmo que na maioria da vezes, se erra de novo. Como dizia o poeta "ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais".
Olhar para o passado, decididamente não é errado, temos de olhar para o passado para aprendermos muitas coisas, para fazer cultura, para honrar aqueles que já passaram enfim... fazer uso do passado não é um erro o que é mais complicado é quando ficamos presos a ele.

Eu, como um bom Taurino, sou estável e conservador. Logo, aquele que tem estabilidade não está muito aberto à mudanças repentinas. E conservador, fala do conservar aquilo que foi bom, obviamente usando material do passado. Pessoas como eu, vão ter uma certa dificuldade em se libertar do passado e virar a página. Mas há pessoas que levam isso à um nível mais patológico e para isso gostaria de tecer alguns comentários para que, de alguma forma, possa ajudar meu leitor, que se por acaso estiver vivendo um momento desse, a pontuar algumas coisas.

Passado como elemento gerador de culpa
Muitas pessoas vivem assombradas no presente por uma culpa que carregam de algo feito no passado. Talvez um mal contra uma pessoa, contra alguma coisa ou até mesmo contra Deus. Algo que se entende como ter errado o alvo ou fugido dos planos que Deus tinha para ela. Muitos vivem com o pensamento: "Mas e seu tivesse feito desse ou daquele modo?..." e por pensarem assim não se vêem num presente saudável e ficam carregando essa culpa adoecedora. Casamentos que acabam e de tanto um falar que a culpa é do outro, esse outro toma para si e a leva tira-colo pro resto da vida. Mas devemos lembrar que no término de um relacionamento, mesmo um casamento, ambos tem culpa.
Nesse caso a orientação é você pedir perdão a quem, por ventura, tenha feito mal. O perdão é libertador! mesmo que o outro não receba, diga que não perdoa, diga que não era necessário... o importante é fazer sua parte e se livrar dessa culpa. Se possível restitua a quem foi lesado, mesmo que por um sentimento, se a pessoa sentir que foi defraudada também é importante se sentir restituída. Mesmo que apenas por um pedido de perdão honesto e transformador.
Na visita de Jesus à casa de Zaqueu, quando o anfitrião diz: Se eu defraudei alguém eu o restituirei quatro vezes mais. A resposta de Jesus foi: Hoje veio salvação à esta casa!
Um pedido de perdão honesto, sincero, profundo, tem a capacidade de restituir uma pessoa que se sentiu lesada. Fazendo isso, ambas serão livres do fardo da culpa e do ódio.

Passado como elemento gerador de traumas 
Essa semana assistí ao filme A Garota Dinamarquesa. Filme que retrata a vida de um casal apaixonado, que depois de algumas brincadeiras de vestir o marido de mulher para retratá-lo num quadro, este reativa suas memórias traumáticas de abuso quando criança e desperta uma homosexualidade que estava recalcada. 
Este tema é bastante atual em nossos dias e em círculos de convívio. Por mais que os ativistas LGBT discorram sobre a origem de sua identidade de gênero, um percentual muito alto vem de abusos na infância.
Já fui procurado por uma número muito grande de pessoas que vivem infelizes e lutando com uma sexualidade que não queriam ter. A psicologia não permite "tratamento" porque não reconhece como doença, e o paciente fica sem ter pra onde correr. Diz-se que o psicólogo deveria trabalhar com ele para aceitar sua identidade, mas como fazer se isso é exatamente sua fonte de dor?
A verdade é que deve se buscar um acompanhamento profissional, sério, sem partidarismo, com o único objetivo de trazer saúde emocional, física e espiritual para a pessoa. Cada caso é um caso! e para tanto a escuta vai ajudar a mostrar o caminho para rever o passado de forma a fazer do presente algo sustentável.

Passado como elemento gerador de nostalgia
Nesse ponto quero falar sobre dois aspectos: sob o aspecto de lembrar com alegria de coisas vividas, seja na área profissional, acadêmica, amorosa... e o segundo aspecto é se prender à essa nostalgia e não dar oportunidade para um futuro. Explico!
Muitas vezes lembramos de tempo bons vividos em algum lugar, como por exemplo, uma boa equipe de trabalho, um bom lugar que se morou, e lembramos com uma saudade positiva. Lembramos com carinho dos amigos que fizemos, das viagens, dos trabalhos e resultados obtidos juntos...isso tudo é muito saudável, salutar... lembrar do tempo de faculdade, os amigos que foram feitos ali, os trabalhos em grupo, as experiências, o frio na barriga nas horas de prova, os professores "boa praça"... os professores "osso duro de roer" e por ai vai. Na vida amorosa, lembrar dos momentos bons com alguém que lhe fez bem, dos passeios, dos namoros, das brigas e reconciliações...

O problema de viver nesse passado é quando olhamos para os sucessos obtidos na vida profissional lá atrás como o ápice de sua vida, como algo que foi alcançado e não pode ser mais. Como se depois dessa linha ascendente, ao atingir o ápice a tendência agora é só descida. A pessoa fica com pena de si mesmo achando que a vida acabou e tudo que tinha pra fazer na campo profissional já foi feito. Isso é uma armadilha que o fará estagnar nos sonhos e consequentemente morte emocional. Se o que você já fez foi grande, médio ou pequeno não importa necessariamente para o presente, o que importa é continuar produzindo. Ninguém produz muito o tempo todo. Há um ciclo natural para toda vida, mas é importante dizer que só deixamos de produzir quando morrermos. Não seja um zumbi, um morto-vivo. Mesmo que sua vida profissional não seja como antes, produza o que pode e se alegre com seus resultados, eles podem ser ainda maiores que o de muita gente.

Na vida amorosa também acontece isso. Já li sobre mulheres que "empalharam" seus esposos. Havia uma que tinha o esposo sentado numa cadeira da sala por 20 anos. Outra, tinha o esposo em cima de uma moto na sua sala de estar...
É bem verdade que muitos relacionamentos são muito bons e deixam saudades, outros não. O problema acontece quando uma pessoa tem a tendência de apagar, esquecer todas as coisas ruins do relacionamento passado, enquanto outras esquecem todas as coisas boas, e ambos ficam presos nessa ciranda. Pessoas que, esquecendo do que houve de ruim no passado, recebe o(a) parceiro(a) de volta sem tratamento, sem acertos e a história se repete. Pessoas que só lembram da parte ruim de um relacionamento, de uma época, e deixa de seguir em frente achando que todos são iguais, que ninguém muda e carrega sobre si um estigma pronto a vestir no próximo.

Hoje uma frase que se tornou muito popular e é muito verdadeira é: Vida que segue! É muito importante saber até onde ir pra reatar um relacionamento, principalmente porque envolve no mínimo duas pessoas. Temos de aprender a virar a página, ser livre e deixar livre. Por vezes por falta de coragem perdemos o amor da vida, por vezes por orgulho demais não damos um passo atras. Mas por vezes por falta de amor próprio não seguimos em frente. Isso precisa ser pontuado, pensado, refletido!

Caro leitor lembre-se que somos resultado de nosso passado, ele nunca deixará de existir, mesmo que esqueçamos dele, mas... ninguém nasceu para ser preso, nem pelo passado, nem pelo presente. Somos "condenados a sermos livres". Desfrute de sua liberdade! Desfrute seu presente, é só ele que você tem e seu futuro depende do que você irá fazer com seu presente. Talvez um novo trabalho, um novo amor, uma nova vida, uma nova saúde. Deixo o texto do Apóstolo Paulo em sua carta aos irmãos de Philipos, para você refletir.

"Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus." Filipenses 3:13,14




Comentários

  1. Resumo tudo isto da seguinte forma: se ainda existe algo vivo devemos alimentar e investir para que se mantenha vivo, mas se morreu precisamos aprender a ENTERRAR o que está morto e daí passar pelo doloroso processo de luto.

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    1. Essa é a minha amiga psicóloga favorita! Perfeito comentário!

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