La Traviata - Do palco à Casa de Verdi

No fosso da Orquestra dando os últimos retoques
para a apresentação de La Traviata

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O mais perto que consegui reger no Scalla (risos)

Estava eu em Milão, capital internacional da moda, lar de Dolce Gabana, Versace, Armani, dentre outros e também a casa de um dos teatros mais famosos do mundo - o Scala de Milão - palco dos mais importantes espetáculos do mundo, principalmente no cenário lírico e clássico. La conheci muita gente interessante, dentre elas, meu amigo Julim Barboza, um dos melhores guitarristas brasileiros (hoje pastor de um ministério que cresce muito na Itália). Mas dele, falarei em outra postagem quando contarei de nossa viagem à Veneza! 

A primeira ópera regí foi a La Traviata, e logo me apaixonei por seu compositor - Giuseppe Verdi - compositor italiano do período romântico nascido em 1813 num povoado da cidade de Parma chamado Roncale. Umas das figuras musicais mais importantes no cenário lírico, que também estudou e regeu no Scala.

E andando com músico, fazendo música, estudando música acabei conhecendo um músico que era "amigo" de um dono de um Trattoria que era nascido na mesma cidade de Verdi e era apaixonado por tudo que se trata de Verdi. No seu restaurante tinha um pequeno palco onde cantores líricos apresentavam árias de opera enquanto os clientes saboreavam a verdadeira cozinha italiana.

Ópera La Traviata, apresentada em
Minas Gerais e dirigida por mim

Enquanto eu gastava meu italiano com o proprietário que me recebeu como figura ilustre, um Diretore di Orquestre que tinha no seu currículo uma ópera do ídolo, meu amigo, que me apresentara o senhor, pedia ao garçom um sanduíche de salame (que o próprio dono do restaurante fabricava). Falávamos sobre Orquestras, grandes maestros, grandes solistas, os músicos do Scalla... e o senhor com um ouvido na conversa e o outro no pedido do meu amigo. Até que, ao chegar o sanduíche, meu amigo pediu um catchup. Isso era um crime em quase todos os lugares da Itália. Imediatamente o simpático senhor se transformou num demônio. Xingou meu amigo de tudo que era nome...dentre as coisas faladas disse que se ele não sabia comer que não fosse em seu restaurante..."Sabe quanto tempo levo pra curtir este salame, para o senhor vir aqui e pedir um molho de tomate horroroso..." e daí pra mais! Meu amigo segurava o sanduíche com as duas mãos e com a boca aberta e desse jeito ficou até o homem parar de falar, como uma estátua! rsrsrs (e eu achando que eram amigos mesmo)

Saímos daquele lugar ao mesmo tempo assustados mas rindo muito da situação e da cara que meu amigo fizera. 

Andando então naquela vizinhança linda, perto do clube de futebol Internazionale de Milan, pra nós mais conhecido como Inter de Milão, me deparo com uma rotatória com uma estátua de Verdi e de  frente para a estátua estava ali, monumental e imponente - a Casa de Verdi. Hoje uma Casa di Riposo per Musicisti. É um lar de idosos somente para músicos que foram profissionais e aposentados e esquecidos há muito tempo. 

Casa de Verdi

Mas ali não. Na casa de Verdi eles tinham médicos, nutricionistas, enfermeiros e um quartinho pra cada, com uma pequena história particular descrita na parede através de fotos. Eu agendei uma visita e no dia seguinte estava lá. Conheci muitos músicos idosos e fiz questão de ouvir suas historias, dentre elas a do flautista do Scala, senhor Paolo Rossi. Saí daquele lugar rico de histórias e levando em minha bagagem memórias que nunca mais esqueci, daqueles que um dia foram grandes músicos. No fundo da casa jaz enterrado Giuseppe Verdi ao lado de sua esposa num mausoléu de mármore Carrara.