Rejeição e Complexo de Wendy

Resolvi escrever este post, neste primeiro momento, direcionado às mulheres porque muitas das pessoas que lêem os meus post's são mulheres. Num outro post irei falar sobre rejeição pela ótica masculina.

A rejeição é um dos sentimentos mais terríveis experimentado pelo ser humano, provoca sensação de abandono e pode causar grandes danos à saúde emocional do indivíduo. Geralmente acontece nos relacionamentos amorosos, mas pode ocorrer na vida social, familiar, ou profissional. Não importa a idade que se tenha ou o tipo de relacionamento que se viveu, a rejeição sempre causará dor.

No dicionário, a palavra rejeição é definida como o ato ou efeito de repelir, repudiar, recusar, descartar, lançar para fora de si. Este conceito, por si só, já causa grande angústia. A sensação é de abandono e depreciação.

Quero levantar o assunto em duas perspectivas, uma sendo a mulher agente ativa da rejeição, ou seja, aquela que por um motivo ou outro se torna a causa.
Tenho presenciado muitas histórias de relacionamentos que foram interrompidos porque a mulher, dotada de um alto sentimento de amor próprio e auto preservação, tem a facilidade de sair de uma relação. Há inúmeras estatísticas que falam que na maioria dos casos é a mulher que sai de casa, e que vai contra a cultura de que é o homem que sai. Claro que eu entendo que há casos em que se deve abandonar mesmo por estar correndo risco de vida e em alguns casos, pondo os filhos em risco. Mas não estou falando desses casos. Estou falando dos casos que se abandona o barco por motivos simplórios, por não haver um determinação em cuidar, tratar e vencer uma dificuldade. É mais fácil trocar de relação, como trocar de roupa. Vemos muito isso nos artistas de TV e Cinema. Mulheres que abandonam seus maridos, seus filhos.... é sim, há mulheres que abandonam filhos. Mulheres que abandonam relações por não se sentirem completamente realizadas nelas. Como se ainda esperasse o príncipe encantado. 

Na segunda perspectiva quero falar da mulher como passiva, aquela que sofre a rejeição. Não é difícil encontrar casos como esses, de mulheres que foram rejeitadas no relacionamento, no trabalho e até mesmo na família. Lembro-me de uma jovem bonita que se sentia rejeitada pela mãe e essa rejeição foi levada para sua vida particular, se envolveu com homens que só queriam usá-la, mas ela se sentia útil. Desenvolveu o que chamamos de Complexo de Wendy.


O complexo de Wendy pode ser reconhecido em mulheres que manifestam uma preocupação excessiva pelo bem estar do outro, acompanhada de sentimentos de medo à rejeição e insegurança contínua. Essas mulheres apresentam uma série de condutas significativas, como por exemplo: sentir-se imprescindível, tentar fazer o par feliz de maneira persistente,evitar que o outro se chateie, se desculpar por tudo que faz, etc. As mulheres que manifestam este complexo procuram ser aceitas pelos demais, através de condutas de agrado dirigidas aos outros, pois acreditam que assim ganharão respeito.

São mulheres prisioneiras do medo à rejeição e do abandono, com forte tendência ao auto-sacrifício. O complexo de Wendy tem, portanto, características de super-proteção sobre o outro. Atitudes como “Faço eu mesma”, “Não se preocupe”, “Não sei o que você faria sem mim”, caracterizam as mulheres Wendy atuais. Elas exercem na relação amorosa uma figura maternal, ao invés da figura de esposa, favorecendo assim, a imaturidade masculina, ou a conhecida síndrome de Peter Pan.

Quando trabalhamos com a mãe, descobrimos que ela tinha um sentimento forte de insegurança por causa da beleza da filha, por isso a rejeitava. Uma vez tratada a mãe ambas conseguiram superar suas diferenças e dificuldades e hoje são grandes amigas.

Vejamos alguns casos famosos de rejeição:
1- Quando Alexander Graham Bell ofereceu ao presidente da Western Union, Carl Orton, os direitos de produzir o seu telefone por US$100 mil, este disse não, e acrescentou: “Que espécie de uso esta empresa poderia fazer de um brinquedo elétrico?”
2- Em 1962, a Decca Records Company era um titã da industria musical britânica, a banda The Beatles estava no inicio da carreira e foi rejeitada por esta gravadora. Um dos executivos da Decca Records disse: “Não gostamos do som dos garotos. Música com guitarra está fora de moda, e esta banda não tem futuro no show business.”
3- O editor que recusou o famoso livro de George Orwell, A revolução dos bichos, disse esta pérola: “É impossível vender histórias sobre animais nos EUA.”
4- Sergey BrinLarry Page, fundadores da Google, ofereceram parceria aos donos do Yahoo em 1998, e ouviram o seguinte: “Continuem trabalhando no seu projeto de doutorado e voltem a fazer contato mais tarde.” Hoje, a marca Google é uma das mais valiosas do mundo.

Você sabia, que muitas pessoas que chegaram ao topo tiveram que suportar grandes rejeições? Pois é, e mesmo assim elas nunca desistiram.

“Aquilo que não me mata me fortalece” (Frederick Nietzsche) 

No caso da rejeição, o tamanho da dor e a habilidade para se lidar com ela vão depender do amadurecimento emocional de cada ser humano. Eu considero a rejeição um sentimento contrário ao amor, que sempre mina nossas forças e destrói a auto-estima.
Para o bem da nossa saúde mental, lidemos com a rejeição como pessoas emocionalmente maduras, que lamentam a perda mas tocam a vida em frente, pois sabem que a dor um dia passa. Podemos escolher não amar mais ninguém, ficar chorando um amor não correspondido, ou podemos aceitar a maravilhosa possibilidade que a vida nos oferece, de recomeçar sempre e escrever uma nova história.
Não permita que a dor da rejeição se transforme em ansiedade, raiva, depressão. Pessoas imaturas, com baixa auto-estima, procuram lenitivo no álcool, nas drogas ou na comida. Diferente do que pensam essas pessoas, a cura não está em encontrar o grande amor de suas vidas, mas encontrar a si mesmas.


* publicação com colaboração do blog janelas da alma

Comentários

  1. A segunda perspectiva que você relata me faz lembrar parte do caso de Elisabeth Von R. (Freud, 1893-1895). Realmente complexo de Wendy está totalmente ligado ao medo de ser rejeitado pelos outros e do abandono, não é? Lembrando que a rejeição é uma das maiores feridas psicológicas. Winch, em seu livro "Emotional First Aid" diz que "as rejeições são os cortes e arranhões psicológicos que machucam a pele emocional e penetram na carne". E... parece que pra cada Wendy há um Peter Pan e vice-versa. Muito oportuno seu texto.

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    1. Verdade Rosinha....
      Estou começando a escrever sobre Peter Pan. Muito marmanjo por ai vai reclamar..

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