Ninho Vazio

Desfruto, no momento, do que nomeiam de Síndrome do Ninho Vazio. É aquela hora que os filhos se vão e você tem que reaprender a viver com a casa vazia.
Para o caso de pais, que criaram seus filhos sozinhos, sem a mãe (o que é extremamente raro) se torna ainda mais difícil a tarefa, porque se durante muitos anos sua função paterna foi prioridade, dada à solidão das atividades parentais, quando os filhos se vão essa função se "acaba". Não tem mais almoço e jantar pra fazer na hora certa, seja por causa da escola ou por outras atividades; não tem mais "para casa" pra ajudar a fazer; não tem mais uniforme pra lavar; não tem mais compras de besteiras no supermercado típicas de criança.
Como viver com esse sentimento? Ainda não sei!!!
O que sei é que é normal a saída deles e a busca por independência e a formação da própria família.
O sentimento de dever cumprido não basta, o que é preciso mesmo é a resignificação da vida. Mesmo que esse novo significado tenha a ver com a continuidade da manutenção da relação com esses filhos.
O "sair de casa" não precisa, necessariamente, ser para longe de onde não se tenha mais contato físico, próximo. Então talvez a resposta do re-significar esteja exatamente em buscar diminuir essa distância.
...Não quero me acostumar a ter que me planejar, por meses à fio, juntar dinheiro, pra cumprir uma tarefa simples de ir na casa dos meus filhos;
...Não quero ter que conviver com a distância e me sujeitar à ela como se fosse uma condenação da qual sou inocente;
...Não quero ver meus netos crescerem sem contato com o avô, a não ser pela câmera do celular ou do computador;
...Não quero me acostumar a engolir lágrimas escondidas no travesseiro, esperando a noite acabar;
...Não quero dizer que não posso atender uma chamada de video porque to desarrumado, mas que na verdade estamos chorando de saudade mas nano queremos que o filho fique preocupado;
Meus filhos são como flechas, e dada a força do meu braço, eles foram parar bem longe. Mas como todo bom arqueiro vai em busca de suas flechas, eu também irei em busca das minhas. Não pra tê-las no meu alforje, mas para ver de perto o alvo que elas atingiram.
Pode ser que eu não consiga, é verdade... porque a distância de onde a flecha foi atirada até onde ela chegou pode ser bem longa. Mas é a jornada da resignificação. Se eu não conseguir vou morrer tentando, como dizem os bons soldados "cair atirando".
Esplêndido ao mesmo tempo, assustador, algo bem real para todos nós mas com o consolo de que nossos filhos e netos carregam dentro de si, um pouco de nós, isso nos faz ir mais longe do que a vida nos permite.
ResponderExcluirIsso mesmo. Obrigado pela interação
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